segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sutil.

daria a você o canto rouco e cheiroso de quem acaba de acordar. os dois últimos goles de cachaça, e a raspinha queimada do bolo de inhame. daria a honestidade de um jogador de poker, os valores morais de Dilma Rousseff e a seriedade do Tiririca. ofereceria a lealdade de uma cobrilha colorida e te daria a oportunidade de fazer uma coleção de galhos! o que seria muito mais útil que armada e mais bonito que qualquer pinacoteca. mentiria coisas maravilhosas todas as vezes que você quisesse, precisasse ou toda vez que me desse vontade. não me preocuparia com o sua pele semi-branca exposta ao sol, tá vendo? te daria liberdade! se os tempos fossem outros, você teria a nata e o trigo, mas acho que farinha de rosca feita de pão dormido até que serve. daria muito mais que atenção e simpatia aos teus amigos. entregaria a você a maior ilusão de carinho que o mundo já viu. e pra não falar que eu não ofereci amor, te darei tooooodo o amor que existe dentro de uma caixinha de biscoito amanteigado. viu só, nada lhe faltaria..
pensando bem, não conseguiria dar nem metade desses presentes. você é realmente um felizardo, por encontrar alguém que pode te oferecer isso tudo. só posso me surpreender com a sua sorte, e torcer pra que ela permaneça sempre assim, lindinho!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

r:

se por um momento precisei de um tempinho pra pensar, hoje não preciso mais. não faço mais questão de tentar responder perguntas que sempre surgem, pelos mesmos motivos de sempre; porque coisas ruins acontecem com pessoas boas? porque você confia de mais em quem não devia? porque você gosta da pessoa errada? porque você se decepciona?
e por mais que apareçam respostas a impressão que dá é que elas nunca estão certas. as coisas acontecem porque devem acontecer; tudo acontece com todos, o mundo não é justo; pessoas boas também tem que sofrer. confiar em quem não merece é estupidez; você é burro; essa pessoa é infantil, covarde, dissimulada, desleal, incorreta, néscia, falsa, leiga, infantil, infantil, e você por algum motivo decidiu fingir que não via isso. a cabeça não escolhe, o coração é quem diz quem a gente gosta ou deixa de gostar...
eaí? as respostas estão aí. elas são boas o suficiente para você? e mesmo se fossem de que adianta? você vai fazer o que com elas, escrever num livrinho? muito, paulo coelho da sua parte.
vejo que as respostas não adiantam de nada. que cada caso é um caso. a maneira com que você lida com os seus problemas determina quem você é; vai lá, vira piranha depois de um fora! ou então vira uma pessoa fria, ou pior vira uma sentimentaloide mega carente; apela para os extremos, vive do jeito que você quiser. porra a vida é sua não é?
agora, respeita o tempo. respeita muuuuito, porque se ele faz esquecer também faz lembrar. pensa nisso quando for dar o trabalho á ele, deixar que ele mate os seus problemas por você em vez de ter encara-los. se acha mesmo que o mundo não te afeta, que dá pra deixar as coisas de lado.. pensa bem. a palavra relembrar existe. reesquecer não.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

um passarinho verde..

era uma vez um passarinho verde. ele não sabia nada da vida, tão imaturo, inexperiente, julgava-se conhecedor das belezas do mundo e imune a elas; dizia ser uma pedra. cantava sempre que queria, atraia outros passarinhos com seu canto. depois se cansava desses passarinhos, desafinava ou então parava de cantar de vez. os poucos que entendiam sua tática permaneciam, viravam amigos fieis, e para esses o passarinho verde reservava os seus mais belos cantos no momento que lhes fossem necessários e até nos momentos que não fossem. já os parceiros no amor não duravam muito, o passarinho era exigente e enjoava muito rápido. ás vezes até se fazia de vítima afirmava que o seu canto era o mesmo e que se não estivesse satisfeito a culpa não era dele, chorava ao ouvir coisas como 'então você não tem o que eu quero', mas no fundo havia pedido por aquilo, esperava o ex-parceiro voar e se reconstituía. voltava a cantar, ver as belezas do mundo.
num dia ensolarado desce do céu um pássaro negro. todo negro. penas negras, olhos negros como os de nenhum outro e sempre brilhantes. o passarinho verde começou a cantar mas parou rapidamente. o pássaro preto piou. nos ouvidos do passarinho verde; melodia. pensou em todas as coisas ruins que ele poderia ser: um corvo, um urubu.. mas com esses olhos? então o pássaro negro olha nos olhos do passarinho verde. nesse momento ele fica cego, desnorteado, apaixona-se.
- percebi que você é maravilhoso, passarinho verde, canta pra mim?
o passarinho verde cantou. cantava sem parar, sem nem saber se o pássaro preto continuava lá, mas ainda assim cantava para ele. por vezes sentia as assas grandes do pássaro preto envolvendo-o e cantava ainda mais alegremente. até que um outro dia ensolarado nasceu. brotou do chão a Fenix, alguns dizem que é a ave do diabo, talvez tão sedutora quanto o dono. o pássaro preto olha para baixo e a vê, fica hipnotizado. não sabe-se dizer se ficou pesaroso quando deixou o passarinho verde. provavelmente não, ele ainda enxergava, ainda via o mundo; já passarinho verde não, apenas vivia de cantar para ele, e ainda assim sabia que se o deixasse assim que voltasse o passarinho verde continuaria alí cantando; fizera isso antes, várias vezes.
o pássaro preto voa em direção a ela, se aproxima, fica cego, apaixonado. nesse momento ele vira passarinho, começa a cantar para a Fenix. por vezes até pensou 'queria ouvir o passarinho verde cantar de novo, mas estou cego, não sei mais o caminho', ou talvez não, talvez cantasse demais para pensar em algo.
ela o guiava e eles voaram juntos. o passarinho verde continuou a cantar. até hoje não sabe-se dizer se um dia a Fenix deixará o seu passarinho preto cantando em um galho qualquer e sairá batendo suas assas pra sempre. sabe-se apenas que ela o faz, mas sempre volta. estar sempre com o passarinho preto pouco importa, pois, ela sabe que o passarinho preto agora é cego, e mesmo com ela longe continuará cantando por ela.